Livros de Teologia


sexta-feira, 29 de abril de 2016

Comunhão com Deus

Quando pensamos em Deus muitas coisas podem passar pela nossa cabeça. Entretanto, no final, a única pergunta que importa é a seguinte: nós O conhecemos? Temos comunhão com Ele?

É claro que nunca O conheceremos ao ponto de esgotarmos tudo o que se pode conhecer sobre Deus, pois Ele é infinito em Sua perfeição majestosa. Mas podemos conhecer o que Ele revela de Si mesmo pela criação, pela Bíblia e pelo Espírito Santo que habita todo aquele que crê em Jesus como seu Senhor e Salvador pessoal.

Hoje, meditando sobre o primeiro capítulo da Bíblia, algo me chamou a atenção. Este capítulo mostra Deus como Criador, Aquele que traz à existência a partir do nada. Toda vez que Deus cria algo usa de três palavras imperativas. Nos versos 3, 6 e 14 Ele usa "haja" luz, firmamento e luzeiros (sol e lua). Nos versos 11 e 24 Ele ordena à terra que "produza" a flora e a fauna terrestres. Ainda no verso 20 Ele usa "povoem-se" para criar a vida marinha. De fato, podemos perceber que Deus tem poder para criar com Sua Palavra. Nada mais é necessário; Sua ordem basta.

Mas, quando Deus cria o ser humano Ele não usa nenhuma das três palavras. Ele não diz: "haja homem", ou "produza a terra homem" e nem "povoe-se a terra de homens". A Bíblia diz que Deus disse: "Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança". Pense comigo, Ele não delegou à terra a tarefa de produzir o homem, apesar de tê-lo criado do pó da terra (verso 2.7). Ele mesmo o criou, o formou. Façamos está em contraste com produza e haja, e carrega em seu bojo o embrião da comunhão.

Além disso, ainda temos o fato de que Gn 2.7 diz que Deus soprou nas narinas do homem o fôlego de vida, e o homem passou a "ser alma vivente". Deus não fez isso com nenhum outro ser. Somente o homem carrega em si esse "fôlego" que vem de Deus. Derek Kidner diz que "soprou" é calorosamente pessoal, "com a intimidade do contato face a face de um beijo, e com o significado de que este era um ato de dar, bem como de formar, e de dar-se a si mesmo inclusive"[1]. Nenhum outro ser desfruta deste privilégio. Somente o homem é a imagem e semelhança de Deus. Somos os portadores da centelha divina, pois Ele nos deu de Si. Aliás, Deus ensina que "melhor coisa é dar do que receber" (At 20.35).

Devemos lembrar também que não foi só o sopro de vida que recebemos de Deus. Ele deu algo ainda mais precioso, Ele deu Seu Filho Unigênito, para que todo aquele que Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3.16).

Comunhão com Deus é possível porque temos algo Dele em nós, e aquele que já recebeu o Filho Unigênito, Jesus, pela fé, goza de comunhão direta com o Deus. Devemos desenvolve-la, aproveita-la.

Deus abençoe.
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[1] KIDNER, Derek. Série Cultura Bíblica: Gênesis, Introdução e Comentário. São Paulo, Edições Vida Nova, 1979, p. 57

4 comentários :

  1. Excelente reflexão, elaborada minuciosamente indo nos detalhes e de forma inteligente é sábia...nada superficial...gostei muito do que li...contribui para o meu crescimento espiritual

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  2. Muito interessante! Cada detalhe que não pensamos! E a forma como escrito de cada detalhe: apaixonante! Obrigada, Pr. Arnaldo! Por mais uma vez contribuir para o nosso crescimento espiritual. :)

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