Livros de Teologia


segunda-feira, 14 de novembro de 2022

A Plenitude de Alegria

Estas coisas, pois, vos escrevemos para que a nossa alegria seja completa” IJo 1.4

Cada escritor do Novo Testamento tem algo a acrescentar sobre a alegria. O Evangelho de Lucas é por excelência o Evangelho da alegria. Paulo escreve a epístola do regozijo, Filipenses. Pedro trata da alegria no sofrimento e Tiago registra a alegria da prática cristã. A alegria dos redimidos é magistralmente descrita em Apocalipse. Mas João é o escritor que enfatiza a plenitude da alegria. O Novo Testamento nos apresenta cinco elementos que compõem a plenitude da alegria cristã.

1) Amor

João chama seus leitores seis vezes de “amados”. Ele é alguém que pratica o que prega. Ele não ama porque somos amáveis. Ele ama porque Deus nos ama (IJo 4.19). O amor consiste em que Deus nos amou e Jesus completou Sua obra redentora (IJo 4.10).

Porque João repete tanto o tema do amor? A ênfase de João se deve à nossa natureza egoísta e à nossa facilidade de cair na indiferença. Temos, como humanos pecadores, a tendência de nos esfriar afetivamente, de nos tornar insensíveis, a menos que os afetos sejam cultivados. Certa feita, quando o grande pregador inglês John Wesley (1703-1791) passou um bom período pregando constantemente sobre um mesmo tema, lhe perguntaram: “porque você não muda de mensagem e de texto?”. Então ele respondeu: “Quando vocês mudarem de vida eu mudo de texto e de mensagem”. É preciso certo grau de insistência até que nós humanos sejamos realmente mudados, vencendo nossa tendência natural de nos afastarmos dos ideais divinos.

Somente no ventre do amor a alegria pode ser gestada, como vemos em ICo 13. Por isso ambos são produtos do fruto do Espírito Santo, tanto o amor quanto a alegria genuína (Gl 5.22).

Para João, as razões para nos amarmos são, basicamente, teológicas, ou seja, são baseados em quem Deus é e como Se relaciona conosco (IJo 4.7-8). O amor cristão não carece, necessariamente, de que o outro seja amável, mas encontra sua suficiência no Deus imensuravelmente amável e no Seu amor por nós. Portanto, o amor cristão jamais perde sua intensidade ou razão, pois Sua fonte é, literalmente, infinita e eterna, pois é o próprio Deus!

2) Comunhão

O evangelista estadunidense Dwight L. Moody (1837-1899) escreveu: “Jamais vi o Espírito de Deus atuar onde o povo do Senhor está dividido”.

A comunhão entre os irmãos é essencial para a alegria cristã. A comunhão é um derivado inevitável do amor, e no amor e na comunhão nasce a alegria (IJo 1.3; 6-7). Para John Stott, “Amor é mais serviço do que sentimento”, e na comunhão é onde o serviço é mais oportuno.

Para João, isso é tão certo e garantido que é impensável abandonar a comunhão dos irmãos (IJo 2.19, cf. Hb 10.25).

3) Santidade

João fala da necessidade de confissão de pecados (IJo 1.6-9), de exercer vitória sobre o maligno e o mundo (IJo 2.13-14; 3.12 (Caim) e IJo 5.4), de não amar o mundo nem o que há no mundo (IJo 2.15-16) e de se purificar (IJo 3.3). Não é possível amar o mundo pois o mundo jaz no maligno (IJo 5.19), justamente a quem temos vencido.

Para João, logo, é impossível um cristão viver fora da santidade (IJo 3.7-10). É essa santidade que age na consciência e alma do cristão tornando possível que sua alegria seja completa.

4) Doutrina sadia (verdade)

Agostinho disse: “Há pessoas que desejam saber só por saber, e isso é curiosidade; outras, para alcançarem fama, e isso é vaidade; outras para enriquecerem com sua ciência, e isso é negócio torpe; outras para serem edificadas, e isso é prudência; outras para edificarem os outros, e isso é amor”.

Hoje há muitos falsos mestres e falsas doutrinas, mas C. H. Spurgeon (1834-1892), o gigante pregador inglês, tinha razão ao dizer: “O mais maligno servo de Satanás que conheço é o ministro infiel ao Evangelho”.

Muitos tem crido numa alegria que transcende a verdade, mas isso é mentira. Fora da verdade não pode haver alegria verdadeira, pois fora da verdade só há engano e mentira, e o pai da mentira é o eternamente triste diabo (Jo 8.44).

IJo 1.1-4 já prova que doutrina correta faz parte de alegria completa. A carta trata dos anticristos e dos falsos mestres. O fato de João basear seu mandamento de amar uns aos outros numa doutrina acertada sobre quem é Deus já, por si só, prova e comprova a necessidade de acerto teológico para a verdadeira alegria.

5) Convicção da salvação

Para João, o cristão precisa saber que tem a vida eterna desde agora (IJo 5.13). A dúvida é uma ardilosa ladra de alegria. Essa convicção me dá esperança e ânimo para batalhar contra os erros e heresias, contra o mundo, contra o maligno, mas também para amar e viver em comunhão e santidade. Qualquer pessoa que não tenha a certeza da sua salvação em Jesus Cristo não alcançará, certamente, a plenitude de alegria, pois sempre será assombrada pela insegurança e incerteza quanto ao seu destino eterno.

 Devemos concluir, portanto, que Neemias estava absolutamente correto quando afirmou que “a alegria do Senhor é a nossa força”.

Você já desfruta dessa alegria?

Deus os abençoe!

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