Cada escritor do Novo Testamento tem algo a acrescentar
sobre a alegria. O Evangelho de Lucas é por excelência o Evangelho da alegria.
Paulo escreve a epístola do regozijo, Filipenses. Pedro trata da alegria no
sofrimento e Tiago registra a alegria da prática cristã. A alegria dos
redimidos é magistralmente descrita em Apocalipse. Mas João é o escritor que
enfatiza a plenitude da alegria. O Novo Testamento nos apresenta cinco
elementos que compõem a plenitude da alegria cristã.
1) Amor
João chama seus leitores seis vezes de “amados”. Ele é
alguém que pratica o que prega. Ele não ama porque somos amáveis. Ele ama
porque Deus nos ama (IJo 4.19). O amor consiste em que Deus nos amou e Jesus
completou Sua obra redentora (IJo 4.10).
Porque João repete tanto o tema do amor? A ênfase de João se
deve à nossa natureza egoísta e à nossa facilidade de cair na indiferença.
Temos, como humanos pecadores, a tendência de nos esfriar afetivamente, de nos
tornar insensíveis, a menos que os afetos sejam cultivados. Certa feita, quando
o grande pregador inglês John Wesley (1703-1791) passou um bom período pregando
constantemente sobre um mesmo tema, lhe perguntaram: “porque você não muda de
mensagem e de texto?”. Então ele respondeu: “Quando vocês mudarem de vida eu
mudo de texto e de mensagem”. É preciso certo grau de insistência até que nós
humanos sejamos realmente mudados, vencendo nossa tendência natural de nos
afastarmos dos ideais divinos.
Somente no ventre do amor a alegria pode ser gestada, como
vemos em ICo 13. Por isso ambos são produtos do fruto do Espírito Santo, tanto o
amor quanto a alegria genuína (Gl 5.22).
Para João, as razões para nos amarmos são, basicamente,
teológicas, ou seja, são baseados em quem Deus é e como Se relaciona conosco (IJo
4.7-8). O amor cristão não carece, necessariamente, de que o outro seja amável,
mas encontra sua suficiência no Deus imensuravelmente amável e no Seu amor por
nós. Portanto, o amor cristão jamais perde sua intensidade ou razão, pois Sua
fonte é, literalmente, infinita e eterna, pois é o próprio Deus!
2) Comunhão
O evangelista estadunidense Dwight L. Moody (1837-1899)
escreveu: “Jamais vi o Espírito de Deus atuar onde o povo do Senhor está
dividido”.
A comunhão entre os irmãos é essencial para a alegria
cristã. A comunhão é um derivado inevitável do amor, e no amor e na comunhão
nasce a alegria (IJo 1.3; 6-7). Para John Stott, “Amor é mais serviço do que
sentimento”, e na comunhão é onde o serviço é mais oportuno.
Para João, isso é tão certo e garantido que é impensável
abandonar a comunhão dos irmãos (IJo 2.19, cf. Hb 10.25).
3) Santidade
João fala da necessidade de confissão de pecados (IJo
1.6-9), de exercer vitória sobre o maligno e o mundo (IJo 2.13-14; 3.12 (Caim)
e IJo 5.4), de não amar o mundo nem o que há no mundo (IJo 2.15-16) e de se
purificar (IJo 3.3). Não é possível amar o mundo pois o mundo jaz no maligno
(IJo 5.19), justamente a quem temos vencido.
Para João, logo, é impossível um cristão viver fora da
santidade (IJo 3.7-10). É essa santidade que age na consciência e alma do
cristão tornando possível que sua alegria seja completa.
4) Doutrina sadia (verdade)
Agostinho disse: “Há pessoas que desejam saber só por
saber, e isso é curiosidade; outras, para alcançarem fama, e isso é vaidade;
outras para enriquecerem com sua ciência, e isso é negócio torpe; outras para
serem edificadas, e isso é prudência; outras para edificarem os outros, e isso
é amor”.
Hoje há muitos falsos mestres e falsas doutrinas, mas C. H.
Spurgeon (1834-1892), o gigante pregador inglês, tinha razão ao dizer: “O
mais maligno servo de Satanás que conheço é o ministro infiel ao Evangelho”.
Muitos tem crido numa alegria que transcende a verdade, mas
isso é mentira. Fora da verdade não pode haver alegria verdadeira, pois fora da
verdade só há engano e mentira, e o pai da mentira é o eternamente triste diabo
(Jo 8.44).
IJo 1.1-4 já prova que doutrina correta faz parte de alegria
completa. A carta trata dos anticristos e dos falsos mestres. O fato de João
basear seu mandamento de amar uns aos outros numa doutrina acertada sobre quem
é Deus já, por si só, prova e comprova a necessidade de acerto teológico para a
verdadeira alegria.
5) Convicção da salvação
Para João, o cristão precisa saber que tem a vida eterna
desde agora (IJo 5.13). A dúvida é uma ardilosa ladra de alegria. Essa
convicção me dá esperança e ânimo para batalhar contra os erros e heresias,
contra o mundo, contra o maligno, mas também para amar e viver em comunhão e
santidade. Qualquer pessoa que não tenha a certeza da sua salvação em Jesus Cristo
não alcançará, certamente, a plenitude de alegria, pois sempre será assombrada
pela insegurança e incerteza quanto ao seu destino eterno.
Você já desfruta dessa alegria?
Deus os abençoe!
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