Bom, devemos começar pelo óbvio. Missões é o plural de missão. Missão é uma incumbência que alguém deve executar sob a instrução de outrem. Portanto, missões são as incumbências, as tarefas, encargos e responsabilidades que o Senhor da Igreja, Cristo, o Cabeça, dá a cada um de Seus servos.
Por isso, vejo com estranheza o fato de ainda existir tantas
pessoas na Igreja evangélica que entendem o termo missões de maneira tão
reducionista, atribuindo um conceito de missões que abarca apenas os desafios
transculturais e os que lidam com a miséria social humana. Essa é uma visão
muito pobre de missões. Se ser um missionário é algo restrito aos que são
chamados por Deus para um ministério de pregação do Evangelho aos incrédulos de
longe, como foi o caso de Paulo e Barnabé (At 12.25), então porque a Bíblia chama
a maternidade de “missão” em ITm 2.15? Ou algum cristão em sã consciência
negaria que toda mãe é, por natureza, uma missionária?
Se ser um missionário é desempenhar a missão que Cristo atribuiu
a cada um de nós, Seus servos, então aquele que Ele resolveu na Sua soberania
encarregar alguns de seus servos com a missão de ensinar e edificar seus irmãos
em Cristo não é um missionário? Ou aquela que o Senhor chamou para visitar e
socorrer os irmãos da Igreja que passam por dificuldades? Ora, o povo de Deus não
pode ser o alvo de uma missão? Para ser missionário o alvo da labuta tem de
ser, necessariamente, incrédulos?
Outra noção desmedida de missões é aquela que não consegue
incluir pessoas que não estão em nenhum grupo de risco social no seu rol de
beneficiados, como se o Senhor só tivesse olhos para os pobres e o Evangelho só
fosse eficaz na salvação dos marginalizados. É verdade que Cristo afirmou que é
mais difícil que ricos se convertam ao Evangelho (Mt 19.23-24). Mas será que
Ele falou isso para que priorizássemos os pobres ou para mostrar que o trabalho
de evangelização com os riscos é ainda mais desafiador do que com os pobres?
Certamente que os pobres contam com o favor de Deus por
causa da necessidade urgente das suas demandas, especialmente as materiais.
Mas, se missões tem o objetivo maior nas causas espirituais, a chamada classe
média e os ricos também são alvo de missões.
Portanto, o bom missionário na Igreja é aquele crente fiel
que desempenha seus dons e chamados com temor e diligência, sejam eles externos
ou internos na Igreja. A verdade de que todos os crentes estão encarregados de
anunciar o Evangelho até que Cristo volte não anula essa outra verdade que
afirmamos aqui.
Seja um missionário; onde quer que Deus lhe tenha plantado,
dê frutos!
Deus nos abençoe!
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