Livros de Teologia


sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Jesus e as mulheres

"Aconteceu, depois disto, que andava Jesus de cidade em cidade e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus, e os doze iam com ele, e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete demônios; e Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, Suzana e muitas outras, as quais lhe prestavam assistência com os seus bens" (Lc 8.1-3).

Este pequeno trecho do Novo Testamento é um exemplo de como o evangelista Lucas preocupou-se em destacar a participação de mulheres no ministério terreno de Jesus. Os três versos, independente de lições e aplicações que se possam extrair deles, têm o propósito maior de registrar a visão inovadora e libertadora que Jesus tinha sobre o papel feminino na obra de Deus na terra.
Naquela época, um homem ser sustentado por uma mulher era situação a ser evitada a todo custo. Era humilhante demais para um homem, responsável pela provisão do lar, ser mantido por uma mulher. As mulheres, naquele tempo, não contavam com direitos civis ou religiosos iguais aos dos homens. A causa disso era composta de uma gama enorme de fatores culturais e entendimentos teológicos equivocados. De qualquer maneira, homens evitavam até onde podiam uma situação como essa.
Em contra partida vemos Jesus, um homem feito, que foi arrimo de Sua família desde a morte de Seu padrasto, José, acostumado a trabalhar na carpintaria que herdara, agora integralmente dedicado à pregação do Evangelho em um ministério itinerante, recebendo assistência financeira de um grupo de mulheres. Há uma lição obvia, porém grandiosa, aqui. Jesus não ensinava somente quando abria Sua boca, com palavras ditas. Ele também ensina com gestos e comportamento. Ao aceitar a assistência financeira de mulheres, e permitir que isso fosse de conhecimento público, Jesus busca quebrar um paradigma social vigente por séculos de tradição machista. É claro, porém, que Ele não estava incentivando a gigolotagem ou a malandragem, até porque Ele trabalhava, e muito, no ministério da pregação. Jesus está, na verdade, buscando ensinar que todos têm o direito de participar da obra do reino de Deus na terra, pois como o apóstolo Paulo ensinaria mais adiante, dentre todos os que se revestiram de Cristo "não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus" (Gl 3.28).
O ministério de Jesus na terra e as lições do Novo Testamento foram uma contribuição importante, sempre que bem compreendidos, para a formação de uma sociedade mais igualitária, a despeito dos que advogam o contrário. Esse texto é uma prova cabal dessa verdade.
Mas, além disso, o texto ainda ensina mais uma verdade importante. As mulheres que assistiam Jesus financeiramente o faziam voluntariamente, sem nenhum constrangimento. Também não há nenhum texto onde Jesus, ou um dos apóstolos, tenham pedido a ajuda financeira daquelas mulheres. Elas perceberam a necessidade e se dispuseram a socorrer o ministério do Cristo. Jesus as havia libertado de espíritos imundos e curado de enfermidades, e a gratidão e a fé foram as motivações do gesto financeiro. Elas doavam não por constrangimento ou por necessidade, porque Deus ama quem dá com alegria (IICo 9.7).
Se olharmos um pouco mais atentamente também veremos que o verso primeiro diz que os doze "iam com ele, e também algumas mulheres... que lhe prestavam assistência com os seus bens". As mulheres não financiavam um ministério do qual não faziam parte. Elas também "iam com ele". Ninguém deve pensar, por um segundo sequer, que doar dinheiro para a obra de Deus, é suficiente para torná-lo discípulo de Jesus. Os verdadeiros discípulos de Jesus precisam segui-Lo, precisam "ir com Ele". É caminhando com Jesus que percebemos as necessidades do ministério e, na medida da possibilidade, contribuímos no seu sustento. Ninguém compra a salvação, doe quanto doar. Ninguém compra a aprovação de Jesus, seja tão rico quanto for. Nunca foi o valor financeiro que fez com que o nome destas mulheres ficassem registrados eternamente nas Escrituras, mas o coração abnegado e voluntarioso que demonstraram para com o Senhor.
Devemos ter muito cuidado quando ofertamos ou dizimamos, para não o fazermos com as motivações erradas. Todavia, quando seguimos Jesus e temos o desejo real e sincero de suprir as necessidades da Sua obra na terra, para a propagação do Evangelho, Ele jamais rejeitará! Pelo contrário, honrará e abençoará aqueles que assim o fizerem, sejam homens, mulheres, ricos ou pobres.
Que Deus nos ajude a termos um coração como o daquelas mulheres.

Deus abençoe.

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