Enquanto o concílio acontecia, a esposa do candidato, atenta a tudo o que acontecia, olhava para o marido orgulhosa, segura de que Deus os chamara para aquele ministério. Seus olhos e sorriso compartilhavam alegria e entusiasmo ao marido que, quando olhava para ela, recobrava a memória de que não estava sozinho. Os pais do candidato também estavam lá, olhando para filho com orgulho, satisfeitos por presenciarem um ato tão nobre com um dos seus rebentos. A mãe quase não se continha de tanta satisfação. O pai, mais comedido, supervisionava tudo como quem vigia a própria cria.
Horas se passaram e muitas perguntas foram feitas, até que o
grupo de pastores presentes se retiraram para uma sala separada, deixando o
concílio suspenso momentaneamente, para decidirem sobre o candidato. Enquanto
esperava, o candidato esforçava-se para manter o semblante de dever cumprido.
De repente, a comitiva pastoral abre a porta, cada um toma seu lugar e retomam
os trabalhos do concílio, convocando o candidato para ouvir o parecer dos
examinadores. Atento, o candidato ouvia apreensivo. Então o representante do
concílio declarou que o candidato fora aprovado por unanimidade, inclusive com
um voto de louvor constado em ata. Os comentários dos examinadores e pastores
presentes que se seguiram foram muito generosos com o candidato, fazendo menção
do seu esforço e trabalho.
Seguiu-se, então, o culto de ordenação ao ministério
pastoral, onde o até então candidato agora tornara-se o novel pastor batista.
O candidato era eu.
Hoje completo, pela graça e misericórdia de Deus, onze anos
de ministério pastoral. As memórias daquele dia ainda são para mim como se
tivessem acontecido ontem. Lembro de olhares, perguntas, comentários, abraços,
brincadeiras, arranjos, decoração, a roupa que muitos usavam... Creio que isso
jamais deixará minha mente.
Pondero agora, com a experiência, que todo aquele entusiasmo
e sonhos são muito importantes para o desempenho de qualquer ministério
cristão. Tentar servir ao Senhor desanimado e desesperançoso de que Ele nos
usará realmente é fator determinante para a ruína ministerial.
Posso afirmar, sem nenhuma dúvida ou falsa modéstia ou
humildade, que não sou o melhor pastor que alguém poderia conhecer ou ter;
estou longe disso. Tenho ainda carências e falhas que, quando as vejo, sei que
não são próprias de um pastor com onze anos de ministério. Sei muito pouco,
faço menos do que deveria, pastoreio aquém do que espera meu Senhor e minhas
ovelhas. Não me vejo plenamente aperfeiçoado para essa obra ainda.
Todavia, reconheço a graça de Deus em mim, operando milagres
que me maravilham o tempo todo. Sou amado pela minha Igreja, sou honrado por
ela. Edifico meus irmãos e sou edificado por eles. Sou casado com aquela mulher
linda e maravilhosa, que estava comigo durante os anos de seminário no Rio de
Janeiro e no concílio. Aliás, amanhã completaremos dezoito anos de casados!
Pela mesma graça Deus nos deu os gêmeos Jeremias e Olívia, que completam hoje
quatro anos e seis meses de vida.
Não sei o que Deus ainda reserve para mim, mas sei que, seja
o que for, Ele jamais me abandonará, nem me entregará à própria sorte, mas será
para sempre meu refúgio e segurança, provisão e consolo. Ele é meu Deus e eu
ovelha do Seu pastoreio!
Que Ele abençoe você também no desempenho do seu ministério,
com orientação e renovo.
Deus os abençoe!
Nenhum comentário :
Postar um comentário