A responsabilidade do indivíduo humano é uma das verdades
mais evidentes de toda a Escritura. Deus criou o ser humano com a gloriosa
capacidade da volição, isto é, a capacidade de fazer escolhas, de decidir, de
optar. Por isso, o ser humano é um ser moral, responsável pelas escolhas que
faz.
O texto acima é uma declaração que Deus fez sobre essa responsabilidade individual. Nem mesmo os pais podem sobrepor a responsabilidade dos filhos. “A alma que pecar, essa morrerá” é a justiça divina expressa em grandeza sem par. Cada um dará contas de si mesmo a Deus (Rm 14.12).
Mas Deus também criou os seres humanos para viverem
coletivamente, em comunidade, em comunhão uns com os outros. Somos seres
sociáveis por natureza. A responsabilidade individual é inalienável, mas os
efeitos das escolhas e decisões dos indivíduos podem afetar outros indivíduos. Por
exemplo, se um indivíduo decide sentar no meio de um corredor onde passam muitas
pessoas, essas pessoas são afetadas pela decisão daquele indivíduo. Elas terão
que fazer escolhas diante da escolha daquele indivíduo. Ele agiu, as pessoas
terão que reagir diante da sua ação. Por vezes isso vai mais longe, causando
efeitos que não podem ser impedidos pela escolha dos demais. Noutro exemplo
cito um indivíduo que se embebedou durante o dia inteiro e, chegada à tarde,
decidiu mesmo assim dirigir seu carro de volta para casa. No caminho não parou diante
de um PARE enorme e atropelou uma motociclista que vinha pelo cruzamento. Sem
poder escolher desfazer a escolha do bêbado nem interromper o desastre em
tempo, a motociclista passará o resto da sua vida com os efeitos da decisão de
um outro indivíduo que decidiu, consciente e livremente, desprezar todo o bom-senso
e as leis de trânsito vigentes. O pastor Russell Shedd chamou isso de “solidariedade
da raça”. Nós, como seres humanos, somos solidários quanto aos efeitos das
responsabilidades individuais, seja num grau ou noutro.
Portanto, há a responsabilidade individual de cada pessoa, mas também há a responsabilidade coletiva das nossas escolhas. No país elegeu um “novo” presidente ontem, e isso foi feito a partir da escolha individual de milhões de brasileiros. Cada um é responsável pelas suas próprias escolhas, e isso é fato. Mas também somos solidários quanto aos efeitos da escolha da maioria. Os que escolheram diferente, que não votaram no presidente eleito, serão solidários diante das ações daquele que foi eleito, e isso é inevitável, como no exemplo da motociclista.
Portanto, nosso dever como cristãos é fazer escolhas que
sejam alinhadas com a Palavra de Deus, alinhadas com a vontade do Senhor. Mas,
enquanto vivermos nesse mundo caído, onde o pecado existe e as
responsabilidades, pessoais e coletivas, são exercidas muitas vezes contrariando
a vontade de Deus, sofreremos com os demais.
Isso é injusto da parte de Deus? De modo nenhum! Ele ainda
exerce Sua soberania e controle impondo limites e responsabilizando as escolhas
humanas, com efeitos temporais e eternos.
Portanto, procure escolher sob a luz da Escritura, sob
oração, para escolher melhor!
Deus os abeçoe!
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