Espinho na carne

"E, para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte" (IICo 12.7).

    Há grandes debates em torno desse versículo da Bíblia. O que seria o tal "espinho na carne" que afligiu o apóstolo? Nosso proposito agora, porém, não é o de tentar responder essa questão discutida há tanto tempo, mas olharemos para o verso sagrado por um prisma mais prático do que investigativo.

    Apesar da incerteza quanto à natureza do espinho na carne o verso é explícito quanto as razões e propósitos pelas quais Deus autorizou esse sofrimento sobre Paulo. Ele mesmo nos diz que o espinho foi dado "para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações". É possível que Paulo estivesse tentado a se orgulhar dos privilégios que Deus lhe concedera a respeito das realidades espirituais. É uma tarefa demasiadamente difícil encontrar alguém em toda a história da Igreja que tenha sido agraciado por Deus com tanto discernimento espiritual e com tanto conhecimento das verdades eternas quanto o apóstolo dos gentios. A grandeza do ministério e da relevância de Paulo é tanta que nos acostumamos a olhar para ele como alguém isento de tentações e fraquezas tão comuns como a soberba, mas o texto revela que Deus se antecipou no cuidado do Seu servo quando essa tentação se aproximava.

    O texto também nos diz que o espinho foi dado "a fim de que não me exalte". Eis o propósito final do espinho na carne. A soberba não conduz a outro destino senão àquele da autoexaltação. O propósito das revelações dadas ao apóstolo jamais teve qualquer parcela de glória destinada a ele mesmo, mas apenas ao Senhor que fez as revelações. Por isso, Ele mesmo, o Senhor, cuidou de interromper o processo que poderia terminar com a autoglorificação do mensageiro, e não da mensagem. O texto diz "foi-me posto", e isso aponto claramente para Deus.

    Por fim, devemos aprender com isso que nenhum cristão deve murmurar sobre seus espinhos na carne. Eles podem ser o meio pelos quais nosso Senhor nos livra de nossa própria debilidade moral e espiritual, nos reconduzindo à humildade e sujeição ao Soberano Rei dos reis.

    Que Ele nos ajude a discernir sobre isso com sabedoria e doçura.