Livros de Teologia


sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Humanismo: o veneno da fé!

Porque Deus sabe que, no dia em que dele comerdes, se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal. Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu” (Gn 3.5-6)

E sereis como Deus... Eis aí a maior das tentações, que não poderia ter saído de outra boca, senão a de Satanás, o espírito que atua nos filhos da desobediência... Eis o nascimento do humanismo secular – “sereis como Deus”.

    A dificuldade de encarar Deus como Deus é a característica maior do humanismo. As doutrinas mais difíceis para o humanista são as que apresentam Deus como Deus. A dificuldade de admitir que Deus é outro, distinto de nós, superior a nós. Não apenas superior, mas infinitamente superior a nós. O humanismo não é o esforço de elevar o ser humano ao grau divino apenas, mas o de diminuir ou extirpar os atributos e virtudes de Deus para rebaixá-Lo ao nível dos homens, ao menos até onde seja possível vislumbrar uma possibilidade de comparação entre ambos; isso para que o homem possa continuar sonhando em se igualar a Ele, ou mesmo suplantá-Lo!

    No verso seis vemos que a mulher deixa de se orientar pela verdade, que veio de Deus, para guiar-se pelos próprios desejos e vontades, isso é humanismo. O mundo já teve centenas de teorias e escolas filosóficas, psicológicas, científicas, etc., e nenhuma delas resolveu os dramas da alma humana. O humanista, porém, sempre crê na próxima. O humanista lê o mundo a partir dos próprios planos e desejos. “Ah, porque Deus permitiu isso ou aquilo em minha vida? Ele está me atrapalhando”, e assim cumprem Rm 8.7 que diz “o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar”.

    Esse humanismo que diviniza o homem e humaniza Deus é absolutamente contrário ao ensino das Escrituras. Foi e continua sendo a maior das tentações para a Igreja de Cristo na terra. Cristãos continuam sendo contaminados por ele em sua ética, em sua política e em sua teologia. Pensam, agem, decidem, escolhem, creem, oram e leem a Bíblia como se Deus fosse um de nós, como nós, sujeito aos mesmos impulsos e desejos, maculado pela mesma iniquidade, soberano apenas em seu fantástico mundo encantado chamado céu. Enquanto isso buscam desesperadamente suprir sua gana pela divindade se impondo como superiores aos iguais, ao próximo. Por isso todo humanista é um legalista, mormente nos arraiais eclesiásticos.

    Enquanto uma pessoa não se render à verdade de que Deus é Deus em toda a Sua soberania, conhecimento, justiça, bondade, amor e beleza não haverá ali um cristão maduro, “apto para toda boa obra” (cf. ITm 3.17).

    Que Deus seja o meu Deus, o teu Deus, o nosso Deus, como Deus!

    E que Ele o abençoe!

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* A imagem que ilustra esse texto é o Homem Vitruviano (1590) de Leonardo da Vinci: símbolo do antropocentrismo humanista.

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