O vs. 32 do capítulo 8 de João é muito conhecido. Atualmente tem sido muito usado nas mídias sociais, inclusive em campanhas políticas; quase sempre fora do contexto em que Jesus disse tais palavras santas. O vs. 32 é o final de uma frase e deve ser compreendido como conclusão de um raciocínio iniciado no vs. anterior.
Mas, o que é a verdade? Essa é a grande questão, não é mesmo? Se soubermos o que é, de fato, a verdade, logo todas as demais questões da vida encontrarão sua resposta em tempo. Essa foi a pergunta que Pôncio Pilatos fez a Jesus quando julgava a Verdade encarnada (Jo 18.38).
A Escritura afirma que a Trindade Santa é a verdade. O Pai é a verdade (Jr 10.10). O Espírito Santo é a verdade (Jo 16.13). O Filho é a verdade (Jo 14.6). Logo, toda a revelação que essa Trindade fez de Si mesma aos homens é a revelação da verdade. Por isso, a Bíblia é a verdade revelada de Deus (Jo 17.17).
Nos versos acima três lições nos são dadas por Jesus sobre a relação da verdade revelada de Deus com a nossa liberdade:
1) Gozamos da liberdade de Deus na proporção do que conhecemos da verdade de Deus
Na medida que mais da verdade conhecemos, mais livres nos tornamos. A ignorância sobre as verdades reveladas na Bíblia é uma escravidão que prejudica muito o desfrutar da liberdade que há em Jesus Cristo para os Seus filhos.
Deve ser bastante óbvio a afirmação de que não podemos realmente gozar de um privilégio e verdade que não conhecemos.
2) Gozamos da liberdade de Deus na proporção da nossa permanência na verdade de Deus
Notemos que Jesus está se dirigindo especificamente a um grupo de pessoas que acabaram de manifestar algum tipo de crença Nele (vs. 30). Jesus, porém, não se deu por satisfeito e exortou que o verdadeiro discípulo é aquele que vai além do mero assentimento intelectual ou afetivo, mas que permanece em Sua Palavra (vs. 31).
Não há liberdade real para aqueles que não perseveram na verdade, que não permanecessem na Palavra de Cristo, no Seu Evangelho.
Muitas pessoas, ironicamente, ficam escravizadas exatamente por um conhecimento parcial e medíocre da verdade, condição pior do que a do ignorante que nada conhece dela. Aquele que nada sabe geralmente se encanta quando contempla a verdade, enquanto aquele que se acomodou num conhecimento frívolo e inconsistente do Evangelho tende a enganar-se a si mesmo crendo que está seguro e farto de bens, dizendo para sua alma o que dizem os loucos: “tenho muito da verdade em meu depósito, para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te” (Lc 12.19).
A frase que compreende os vs. 31 e 32 claramente dá a ideia de um conhecimento contínuo, crescente, possível apenas aos que são verdadeiros discípulos de Jesus.
3) Gozamos da liberdade de Deus na proporção da prática da verdade de Deus
Nenhuma verdade revelada na Escritura nos foi dada para servir de enfeite ao nosso intelecto ou para estampar discursos puramente especulativos da teologia ou da filosofia. Toda verdade de Deus revelada na Escritura foi dada para um fim proveitoso (IITm 3.16-17; cf. ICo 12.7). Toda Palavra que sai da boca de Deus é vida para o homem (Mt 4.4). Por isso o homem só pode alcançar a verdadeira bem-aventurança quando a verdade que o cativou transforma sua mentalidade, valores e ações (Jo 13.17).
Os fariseus que discutiam com Jesus eram grandes conhecedores do Antigo Testamento. Apesar de muitos erros eram pessoas de grande valor no conhecimento das Escrituras. Mesmo assim, Jesus disse que Sua Palavra não estava neles (vs. 37); e a prova definitiva disso era que não praticavam as mesmas obras de Abraão (vs. 39).
Jesus jamais defendeu um conhecimento da verdade que não produzisse obras, que não mudasse a pessoa.
Que Deus nos dê a graça de desejar a verdade, de amá-la, de buscá-la, de conhecê-la, de permanecer nela e de praticá-la!
Amém!!!!
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