"Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e o Deus de toda consolação, que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, com a consolação com que nós mesmos somos consolados de Deus. Porque, como as aflições de Cristo são abundantes em nós, assim também a nossa consolação sobeja por meio de Cristo. Mas, se somos atribulados, é para vossa consolação e salvação; ou, se somos consolados, para vossa consolação é, a qual se opera, suportando com paciência as mesmas aflições que nós também padecemos. E a nossa esperança acerca de vós é firme, sabendo que, como sois participantes das aflições, assim o sereis também da consolação" (IICo 1.3-7).
Consolação, no contexto do texto acima, vai muito além da ideia de simples conforto e alívio, ainda que traga este sentido em seu bojo. A consolação que o apóstolo Paulo tem em mente é uma plenitude de paz e convicção da alma sustentada pelo amor gracioso de Deus em Cristo Jesus; é uma certeza harmoniosa que satisfaz a alma e tranquiliza a mente.
No texto, o apóstolo nos ensina que Deus nos consola em nossa tribulação para que possamos consolar os atribulados com a mesma consolação que recebemos. Com isso aprendemos que as bênçãos de Deus sempre têm em vista outros, não se limitando àquele que a recebe. Aquele que é realmente consolado por Deus deve compartilhar dessa consolação com o próximo atribulado e aflito.
Paulo também ensina que, assim como o Evangelho implica em aflições, também implica em consolação por meio de Cristo. Ele diz que "as aflições de Cristo são abundantes em nós", e o que isso significa? Significa que, por causa do Nome de Cristo e de Sua mensagem, o Evangelho, o cristão se identificaria com seu Senhor inclusive na maneira como o mundo reage a essa mensagem e a esse Senhor, rejeitando-o e O afligindo. Assim como perseguiram e maltrataram o próprio Cristo, assim também o fariam aos Seus discípulos. "bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem, e perseguirem, e, mentindo, disserem todo o mal contra vós, por minha causa" (Mt 5.11; cf. 10.23). "Lembrai-vos da palavra que vos disse: não é o servo maior do que o seu Senhor. Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardarem a minha palavra, também guardarão a vossa" (Jo 15.20; cf. 16.33). É por isso que o próprio apóstolo Paulo ensina que cumprimos o "resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é a Igreja" (Cl 1.24). E quando Paulo olhava para as cicatrizes no próprio corpo, obtidas pela fidelidade ao Evangelho e pelo amor aos irmãos, pôde dizer "trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus" (Gl 6.17). Mas, se o Evangelho e o cristianismo implicam em aflições (IITm 3.12), também implica em consolação por parte de Deus. Veja o que o apóstolo escreve após sofrer tanto pelo Evangelho:
"São ministros de Cristo? (Falo como fora de mim.) Eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; em açoites, mais do que eles; em prisões, muito mais; em perigo de morte, muitas vezes. Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um; três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; em viagens, muitas vezes; em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos; em trabalhos e fadiga, em vigílias, muitas vezes, em fome e sede, em jejum, muitas vezes, em frio e nudez. Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas. Quem enfraquece, que eu também não enfraqueça? Quem se escandaliza, que eu não me abrase? Se convém gloriar-me, gloriar-me-ei no que diz respeito à minha fraqueza. O Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que é eternamente bendito, sabe que não minto" (IICo 11.23-31).
"Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados; perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; trazendo sempre por toda parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também em nossos corpos" (IICo 4.8-10).
"Por isso, não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente" (IICo 4.16-17).
Note que todos estes textos, bem como o texto estudado, estão na segunda carta do apóstolo aos coríntios, o que mostra que quando Paulo disse aos coríntios que as aflições de Cristo são abundantes em nós, ele sabia do que estava falando. Não era teoria apenas, era experiência de uma vida toda vivida na causa do Evangelho. E mesmo diante de todo o sofrimento, a esperança e a consolação foram muito mais que suficientes para conforta-lo e motiva-lo a continuar firme e perseverante.
Paulo também ensina que quando somos atribulados é para consolação, e quando somos consolados também é para a consolação dos irmãos, pois pelo testemunho da perseverança e piedade na tribulação outros se consolam e aprendem a suportar com paciência as próprias aflições.
Se todos os cristãos participam das aflições do Evangelho, também participam da consolação do Evangelho.
E você? Tem suportado perseguições e aflições por amor ao Senhor? Viver o Evangelho tem-lhe acarretado alguma dor e sofrimento? Se tua resposta é positiva, então estou certo de que também tem desfrutado da consolação que este mesmo Evangelho e o Espírito de Deus dispensam aos que O amam. Deus tem lhe consolado nas tribulações? Então estou certo de que tu podes, e deves, consolar os irmãos abatidos.
Deus o abençoe.
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