Livros de Teologia


quarta-feira, 6 de julho de 2016

Uma questão de submissão

Todo o trabalho da Igreja deve estar sob a orientação, conhecimento e bênção da liderança constituída da Igreja. Esta afirmação soa um tanto quanto “agressiva” à alguns ouvidos. Alguns chegam a comparar tal declaração com “uma espécie de ditadura”. Aos que ainda pensam assim, é com muito amor que preciso lhes alertar: isto é pecado de orgulho e rebeldia contra Deus.
A aceitação da autoridade da liderança constituída por Deus na Igreja é, e sempre será, uma questão de submissão. Submissão a Deus, por ser esta Sua soberana vontade, como veremos adiante, e submissão aos que Ele mesmo tem colocado como guias, pastores, cuidadores da Sua Igreja. Estas pessoas foram investidas por Deus de autoridade e capacitadas com dons espirituais para a edificação do Corpo de Cristo e para que este se aperfeiçoe no desempenho da obra de Deus (Ef 4.11-12).
Portanto, podemos concluir que a liderança da Igreja é uma bênção, e não uma maldição. É um presente de Deus para nosso crescimento espiritual. Pessoas levantadas para nos aperfeiçoar no desenvolvimento dos nossos ministérios. A liderança são dons (presentes) de Deus para a Igreja.

O que é submissão?
Segundo o dicionário da língua portuguesa submissão é humildade, obediência, subordinação, sujeição. Essa definição está de acordo com o entendimento bíblico desse assunto. Submissão, aos olhos de Deus, nada mais é do que a humildade necessária para nos sujeitarmos a orientação e coordenação dos que estão investidos de autoridade para esse fim (IPe 5.5). Submissão, então, é humildade para sermos sujeitos às autoridades (Rm 13.1) e aos que coordenam a obra de Deus (ICo 16.15-16), e que tudo isto seja no temor do Senhor (Ef 5.21).

Fundamentos bíblicos da submissão
Se dizemos que a submissão dos crentes à liderança da Igreja está sob a aprovação e vontade de Deus, não poderíamos deixar de atestar isso biblicamente. A Bíblia é nossa única e suficiente regra de fé e conduta; é nossa referência, nossa bússola. Nenhum ensino, incluindo o que estamos estudando, deve ser admitido se não se encontrar apoio na Palavra de Deus. A própria Escritura reclama esta autoridade para si quando diz que não devemos ir além do que está escrito (ICo 4.6). Vejamos agora pelo menos seis fundamentos bíblicos a respeito da submissão que, depois de conhecidos, não nos restará dúvidas a esse respeito.

1) A submissão é mandamento (Hb 13.17)
A Bíblia diz claramente: “Obedecei a vossos pastores, sendo-lhes submissos”. O verbo obedecer aqui está no imperativo – obedecei. Isto é uma ordem. Seria possível que um servo fiel ao Senhor não teria no seu coração disposição para obedecer e humildade suficiente para se submeter a liderança da Igreja mesmo sabendo que isso é mandamento do Senhor, e que, sendo assim, isto Lhe agrada? O mais significativo fator para a submissão à liderança é sabermos que isto é mandamento de Deus, e isso deveria ser-nos suficiente. Afinal, Jesus ensina que amá-Lo é obedecê-Lo (Jo 14.21, 23a).

2) A liderança é exemplo (Hb 13.7)
Imitai-lhes a fé. O texto de Hb 13.7 atribui aos líderes a responsabilidade de terem êxito na carreira cristã para se tornarem exemplo para todos os cristãos. O capítulo 11 de Hebreus, chamado acertadamente de “a galeria dos heróis da fé”, prepara o entendimento do leitor para a instrução de Hb 13.7. Estes vencedores tornam-se modelo para a Igreja de Cristo à medida em que se tornam referências vivas da vontade de Deus aplicada, como o apóstolo Paulo atesta ousadamente e com autoridade em ICo 11.1, reclamando para si mesmo a responsabilidade de modelo a ser seguido. Esta liderança e estes exemplos, porém, são transitórios, pois o modelo eterno e perfeito para nós sempre deverá ser a vida, o ministério, os ensinos e a própria pessoa do nosso Senhor e Cabeça, Cristo, como se vê no versículo seguinte: “Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre” (Hb 13.8).

3) A liderança conhece os caminhos de Deus (Sl 103.7)
Deus, na sua soberania, resolveu dar a conhecer seus caminhos à liderança. Os caminhos de Deus, nesse sentido, são Seus desígnios, Seus projetos para o seu povo. Fica claro no texto em questão que todos compartilham das obras de Deus, dos seus feitos, mas que a liderança está sempre envolvida e priorizada na orientação de Deus para do Seu povo. Muitos têm dificuldade de entender por que Deus resolveu fazer sua obra dessa maneira. Mas, para a Igreja que ama ao Senhor e Sua Palavra, essa dificuldade não existe.

4) A liderança tem a direção de Deus (Am 3.7)
Este texto Am 3.7 ratifica a direção que a liderança recebe de Deus, porém de forma ainda mais explícita e profunda. O texto revela quão tremenda é a maneira como Deus vê Seu povo. Ele o honra tanto como Corpo de Cristo que prefere, na sua soberania, fazer tudo conhecido à liderança do povo antes mesmo que aconteça. Ele nos prepara para participar dos seus propósitos eternos, e usa a liderança com essa finalidade.

5) A Igreja deve crescer em unidade (ICo 1.10)
Será que é possível uma comunidade formada por seres humanos, limitados e sujeitos a falhas, com personalidades distintas, terem o mesmo sentimento coletivo e uma mesma intenção em todo o decorrer da vida cristã? Acredito piamente que sim, pois os planos de Deus não podem ser frustrados (Jó 42.2). Para que isto aconteça, entretanto, o papel da liderança é vital. Como a Igreja conquistaria essa unidade se não tivesse parâmetros estabelecidos segundo a
direção dada por Deus? (cf. Jo 17.23; Ef 4.1-3; 11-12; IPe 3.8).

6) Deve haver organização na Igreja (ICo 14.40)
Até mesmo na sociedade secular são necessárias regras para que o bem-estar comum seja desfrutado. Aliás, diga-se de passagem, é a falta de sujeição às regras um dos principais fatores que torna a sociedade secular atual tão desmoralizada e corrupta. A necessidade de ordem não é peculiar a geração atual da Igreja. Em Tt 1.5 o apóstolo Paulo envia Tito a Creta exatamente para reparar essa falha. Assim como uma vida desregrada leva o copo humano a falência, a Igreja também padece com a desorganização. Interessante é notar que partiu essa visão do líder, no caso Paulo. Também é interessante notar que ele mandou outro líder, Tito, para que providenciasse ordem na Igreja. Esse princípio temos da Bíblia: a organização é promovida pela liderança, apesar de ser responsabilidade de toda a Igreja zelar por ela.



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