Livros de Teologia


segunda-feira, 11 de julho de 2016

O Jesus irado

"E encontrou no templo os que vendiam bois, ovelhas e pombas e também os cambistas assentados; tendo feito um azorrague de cordas, expulsou todos do templo, bem como as ovelhas e os bois, derramou pelo chão o dinheiro dos cambistas, virou as mesas e disse aos que vendiam as pombas: Tirai daqui estas coisas; não façais da casa de meu Pai casa de negócio. Lembraram-se os seus discípulos de que está escrito: O zelo da tua casa me consumirá" (Jo 2.14-17).

Para a maioria das pessoas essa passagem bíblica destoa completamente do restante, pois mostra Jesus expulsando do templo em Jerusalém os vendedores e cambistas de uma forma nada gentil. Jesus, famoso pela serenidade e símbolo de paz e amor, nesse caso aparece com um chicote na mão, correndo pelo templo, derrubando mesas e, provavelmente, gritando feito um louco com a multidão de negociantes. Que cena mais inusitada!
Essa é uma dificuldade muito comum nas pessoas do nosso tempo. Elas acham muito complicado pensar em Jesus como alguém que sente ira em alguma situação. Na verdade, a ira de Deus é um estorvo para a maioria das pessoas que, iludidas pelo "canto da sereia" da tradição religiosa, lidam com Deus como se Ele fosse um 'vovô manteiga derretida', e não um Pai zeloso. Ah, se a Bíblia fosse a formadora de opinião do povo!
O insólito episódio registrado pelo apóstolo João no seu Evangelho mostra um Jesus desconhecido pela maioria, mais preocupado com o zelo pelas coisas do Pai do que no 'politicamente correto'. Ninguém que buscava a aprovação do povo faria uma coisa daquelas, parecendo um maluco. Se um mestre religioso quisesse realmente cair na graça do povo não deveria, jamais, sair derrubando as barraquinhas de camelôs no local mais movimentado da cidade. Mas, em contrapartida, Jesus contrariou todas as expectativas humanas quando fez o povo lembrar de que a verdade de Deus e a adoração a Ele devida não podem ser um negócio, um comércio.
Quando o Jesus bíblico é pregado e anunciado, a reação de muitos dos ouvintes é manifestar algum tipo de fiapo de esperança no 'Deus manteiga derretida', que Ele nunca faria algo como punir ou castigar, muito menos enviar alguém para o inferno. Não, Ele ama todas as pessoas, e por isso mesmo vai dar um jeito de salvar todas elas, e no fim todo mundo vai pro céu... Oba!!! Daí percebemos que temos de dar a má notícia antes da boa nova do Evangelho, esclarecendo que o pecado humano desperta a ira de Deus, e que agir como se Ele não tivesse força e autoridade para punir o pecado é um erro crasso e extremamente perigoso.
O zelo de Deus pela Sua obra na terra e pelo Seu povo são tão intensos que o profeta Zacarias disse que quem toca nos servos de Deus toca na "menina dos olhos de Deus" (Zc 2.8, cf. Sl 17.8).
Dizer que atualmente muitas "igrejas" são verdadeiras lotéricas, casas de câmbio espiritual e, ouso dizer, verdadeiros prostíbulos, não choca mais ninguém, é fato notório, é chover no molhado. Se as pessoas vão nesses lugares para tentarem a sorte, dando algo para, quem sabe, receber um prêmio em troca, então isso é uma loteria. Se as pessoas vão nesses lugares para fazerem uma troca com Deus, onde elas dão dinheiro ou serviço em troca de alguma bênção, então esse lugar é uma casa de câmbio. Se as pessoas vão nesses lugares para sentirem prazer, mas sem que isso as envolva em um compromisso para toda a vida e que exija delas exclusividade e fidelidade, então o nome desse lugar é prostíbulo.
Jesus está irado com muita gente. Sim, o mesmo Jesus gentil, sereno, Príncipe da Paz, está tremendamente irado com muitos desses lugares que chamam a si mesmos de "igreja", e que fazem uso do Seu Nome santo, mas só para lucro e benefício próprio. E não nos enganemos, pois de Deus não se zomba (Gl 6.7). Haverá o dia em que Jesus não suportará mais o descaso e a afronta, e sairá com seu azorrague a derrubar as mesas dos profissionais da fé. Nesse dia haverá muito choro e ranger de dentes.
Tome cuidado, meu irmão. Tome muito cuidado! Não se deixe levar pelo espírito desse tempo e pela leviandade comum das novas gerações. Trate Deus como Pai e com intimidade, mas jamais se esqueça de Quem Ele é, o Deus eterno. Nem se esqueça da reverência e ordem que Ele exige de nós no trato com Sua obra. Atente para a seriedade de Deus, e tudo te irá bem. Abomine a futilidade e leviandade, pois maldito é aquele que faz a obra do Senhor relaxadamente (Jr 48.10). O Senhor é bom para com todos, e ama a todos, sem exceção. Mas a medida do pecado do povo está se enchendo e chegará ao limite em breve (Gn 15.16; 18.20; cf. Tg 1.21). Mas aqueles que creem em Jesus e observam os Seus mandamentos, que O amam (Jo 14.21), e se dedicam ao trabalho do Senhor (ICo 15.58) serão salvos.

Deus abençoe.

2 comentários :

  1. Texto fantástico! Estes últimos dias tenho refletido com pesar sobre o encaixe do evangelho dentro do politicamente correto.

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