Livros de Teologia


sexta-feira, 6 de maio de 2016

Desenvolva um coração compassivo

"E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino, e curando toda sorte de doenças e enfermidades. Vendo eles as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas, como ovelhas que não têm pastor" (Mt 9.35-36).
O coração compassivo de Jesus é extraordinário, muito além do que conseguimos alcançar. O texto acima nos informa que o estimulou a compaixão de Jesus por aquela enorme multidão foi sua condição espiritual, acima de qualquer outra coisa. Aquelas pessoas estavam "aflitas e exaustas" como ovelhas que não têm pastor. A ovelha é um animalzinho muito dependente dos pastores. Não se ouviu falar de "ovelhas selvagens", pois elas são incapazes de sobreviver sozinhas. Precisam de proteção, orientação e cuidado, e aquela multidão estava nas mesmas condições, espiritualmente desprotegidos e vulneráveis aos ataques malignos; estavam sem orientação espiritual e sujeitas aos enganos de falsos mestres; estavam sem o conforto consolador de alguém que se importasse de verdade com suas vidas... Isso mexeu com o coração de Jesus, e isso é importante, pois percebemos que temos um Senhor que se importa! Mas, a pergunta que queremos fazer é: o que fazer para desenvolver um coração compassivo?

O versículo 35 diz que Jesus percorria todas as cidades e aldeias. A primeira decisão de quem quer um coração mais compassivo é, simplesmente, percorrer. Ninguém se compadece do que está longe.  O versículo 36 inicia dizendo que Jesus "viu as multidões". Como alguém verá sem percorrer? Quando vemos notícias de tragédias na TV, normalmente ficamos sensibilizados, mas assim que o próximo programa começa, logo esquecemos. Quando um pastor ou missionário nos confronta com estatísticas, fotografias, vídeos e testemunhos de pessoas aflitas e exaustas carentes do Evangelho ficamos sensibilizados, mas ao final da reunião nos encontramos com os amigos para um bate papo e esquecemos. Mas é difícil esquecer da aflição daqueles que vimos com nossos próprios olhos e tocamos com nossas próprias mãos. É difícil esquecer do cheiro da miséria quando ele impregna nossas roupas pelo contato pessoal. É percorrendo as ruelas da carência humana que desenvolvemos um coração compassivo, e não no conforto dos templos ou dos nossos lares. Bom que se diga que Deus não proíbe nem deseja que deixemos de desfrutar o resultado do nosso trabalho duro e do conforto com que Ele nos tem presenteado. Mas, se esse conforto nos retira das ruas, do meio das multidões aflitas e exaustas, então a compaixão deixará lentamente nosso coração, até que ele se endureça completamente como o do faraó do Egito que não se importava com a miséria do povo hebreu antes do êxodo.

Ter consciência da situação espiritual dos ímpios é o outro ingrediente. Quem acha que pessoas aflitas e exaustas são só os financeiramente pobres, os marginalizados, também se engana! Há ovelhas sem pastor dentre os profissionalmente bem-sucedidos também. Entender que todo aquele que está sem Jesus Cristo é espiritualmente carente é necessário para o coração que se afina com o de Jesus. Todos os que estão sem Cristo são carentes; a única diferença é que o pobre tem carências a mais. O ensino bíblico é que "todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus" (Rm 3.23). Jesus foi dado para morrer na cruz "para que todo aquele que Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (Jo 3.16), ou seja, as pessoas estão perecendo! Perecer significa estragar, morrer, findar... Quando esta consciência encher nosso coração, então teremos compaixão pelos aflitos e paixão pela obra  de evangelização.

Precisamos, inclusive, clamar pelo perdão de Deus quando deixamos os assuntos desta vida nos roubar a atenção devida às ovelhas aflitas e exaustas... A longanimidade e misericórdia de Deus nos tem poupado, mas Ele certamente nos cobrará pelas oportunidades perdidas e pela miséria que pudíamos amenizar ou resolver, mas não o fizemos para investir em nós mesmos de forma desmedida.
Que Deus nos ajude a desenvolver um coração mais compassivo. Como precisamos de pessoas com o coração pulsando no ritmo do coração de Jesus, para anunciar as boas novas do Evangelho e fazer diferença na vida das pessoas...

Deus abençoe.

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