Livros de Teologia


terça-feira, 17 de maio de 2016

Este frágil ser chamado Homem...

Uma das indagações mais profundas e intrigantes da Bíblia foi feita pelo rei Davi enquanto contemplava a beleza do céu noturno do antigo Israel: "Quando contemplo os céus, obra dos teus dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste, que é o homem, que dele te lembres e o filho do homem, que o visites?" (Sl 8.3-4). Você já se deu conta da nossa fragilidade? Já parou para pensar o quão frágil é um ser humano? Não precisa muito para nos ferir. Um acidente simples pode causar-nos danos irreparáveis; uma simples bactéria ou um vírus nos colocam de joelhos. A privação das mais básicas necessidades, como comida e água, é suficiente para nos levar ao último suspiro, sem falar da dependência absoluta que temos de algo que ignoramos tanto, o ar para respirarmos! A despeito disso, como é fácil nos sentirmos poderosos e independentes... deuses que passeiam pela terra afora... intocáveis, invulneráveis, agigantados pela falácia que resolvemos acolher como verdade, de que nada nem ninguém é tão bom quanto eu. alter ego cheio de poder, de capacidades que nos destacaria, e sonhamos... sonhamos com a realidade virtual onde somos nossos próprios ideais. A indústria cinematográfica têm se aproveitado dessa carência humana. Os filmes de super-heróis e o sucesso que fazem reflete a sede de poder e/ou a necessidade que temos de que alguém assim, poderoso, um outro, diferente de nós, se importe conosco, meros mortais.
E engodados pelo sofisma do super-poder humano, vivemos vidas emocionalmente raquíticas, espiritualmente medíocres, ávidas por um propósito, que exaurem a alma e dissipam qualquer ânimo que, atrevida e audaciosamente, cismem brotem cambaleantes no coração. Ah! Somos tão frágeis! Somos quebradiços, precários, efêmeros... Mas sonhamos com o poder! Ele nos seduz de tal maneira... E muitas vezes, quando a verdade sobre nossa fragilidade bate à porta do coração, muitos de nós não sabemos lidar com ela. Ela nos constrange sobremaneira! Ficamos atordoados quando nos pegamos desconfiados de que, talvez, não sejamos tudo aquilo que introjetamos em nós mesmos e, por conseguinte, vemos uma geração bipolar, que vive nos extremos, ora achando-se super-poderosa, ora achando-se indigna e impotente. Num instante quer mudar o mundo. Noutro esconde-se dele. Não surpreende que os complexos façam lotar os consultórios de psicólogos e clínicas psiquiátricas.
Enquanto a humanidade se esforça em obter poder e ignora sua fragilidade, ansiando ser algo diferente, a Bíblia ensina algo interessante. Enquanto os super-heróis tornam-se algo além de humanos para salvar, a Bíblia ensina que Deus fez o contrário!!! Cristo, o não humano, o Criador, fez-se homem para salvar! Tudo isso foi percebido pela genialidade de Galileu Galilei, que disse: "Todo homem quer ser rei, todo rei quer ser deus, mas só Deus quis ser homem". E se as múmias dos antigos faraós egípcios servem para alguma coisa, é para deixar bem claro que até os reis mais poderosos morrem! Mas observe, a Bíblia ensina que Jesus encarnou (tornou-se homem) e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade (Jo 1.14). É Deus, o Todo-Poderoso, que vem ao nosso encontro para salvar.
Ele sabe que somos pó, que somos frágeis, que somos carentes. O amigo de Jó, Eliú, observou: "Se Deus pensasse apenas em si mesmo e para si recolhesse o seu espírito e o seu sopro, toda a carne juntamente expiraria, e o homem voltaria para o pó" (Jó 34.14-15). Davi, o grande rei, apesar da majestade escreveu: "Dá-me a conhecer, Senhor, o meu fim e qual a soma dos meus dias, para que eu reconheça a minha fragilidade. Deste aos meus dias o comprimento de alguns palmos; à tua presença o prazo da minha vida é nada" (Sl 39.4-5). Ele escreveu ainda: "Pois ele [o Senhor] conhece a nossa estrutura e sabe que somos pó. Quanto ao homem, os seus dias são como a relva; como a flor do campo, assim ele floresce; pois, sornado nela o vento, desaparece; e não conhecerá, daí em diante, o seu lugar" (Sl 103.14-16). Moisés, que desfrutou do poder como príncipe do Egito, e do poder de Deus operando grandiosos milagres, escreveu: "[os homens]... são como um sono, como a relva que floresce de madrugada; de madrugada, viceja e floresce; à tarde, murcha e seca... acabam-se os nossos anos como um breve pensamento. Os dias da nossa vida sobem a setenta anos ou, em havendo vigor, a oitenta; neste caso, o melhor deles é canseira e enfado, porque tudo passa rapidamente, e nós voamos" (Sl 905-6, 9-10).
Foi com esse entendimento que os homens de Deus viveram e O adoraram. Impressionados com a própria fragilidade, mais impressionados ainda com o valor que o Deus Criador de todas as coisas, excelso em poder e glória, dá a esses seres tão frágeis... Há um cântico lindo do Ministério Koinonya[1] que diz:
"Tu és soberano sobre a terra,
Sobre os céus Tu és Senhor,
Absoluto...
Tudo que existe e acontece
Tu o sabes muito bem,
Tu és tremendo.
E apesar dessa glória que Tens,
Tu te importas comigo também
,
E esse amor tão grande
Eleva-me, amarra-me a Ti
"
Sim, somos frágeis. Sim, somos pequenos. Sim, somos débeis seres humanos, e é muito bom não nos esquecermos disso, pois nos manterá humildes. Mas há um Deus Todo-Poderoso, imarcescível em glória e majestade, que nos vê com bondade e misericórdia. É por isso que vivemos! É por isso que devemos viver! É por Ele que devemos viver e existir (At 17.28; ICo 8.6)!!!
A vida encontra seu sentido em Cristo, pois a vida está Nele (Jo 1.4), e Ele é a própria vida (Jo 14.6).
Viva para a glória de Deus!!!

Deus abençoe.
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