Livros de Teologia


quinta-feira, 2 de junho de 2016

Cuidado com a fé

"Se teu irmão, filho de tua mãe, ou teu filho, ou tua filha, ou a mulher do teu amor, ou teu amigo que amas como à tua alma te incitar em segredo, dizendo: Vamos e sirvamos a outros deuses, que não conheceste, nem tu, nem teus pais, dentre os deuses dos povos que estão em redor de ti, perto ou longe de ti, desde uma até à outra extremidade da terra, não concordarás com ele, nem o ouvirás; não olharás com piedade, não o pouparás, nem o esconderás, mas, certamente, o matarás. A tua mão será a primeira contra ele, para o matar, e depois a mão de todo o povo" (Dt 13.6-9).

Eis um trecho daqueles que chamamos de "textos de duras palavras" do Senhor. Sem dúvida alguma há trechos da Bíblia em que as Palavras de Deus são muito duras... Mas ainda são Palavras de Deus! Vivendo na era da "tolerância" indiscriminada e amoral, por vezes imoral, e do "politicamente correto"[1], um trecho bíblico como o citado acima causa ainda mais espanto do que naturalmente causaria. Mas, vamos ao que importa...
O capítulo 13 do livro de Deuteronômio é uma severa instrução de Deus contra a idolatria e apostasia[2] espiritual que forçava entrada no meio do Seu povo pelas nações circunvizinhas. Nos primeiros versos a palavra é contra o falso profeta, que mesmo operando os milagres e prodígios que anunciou, no final seu ensino não era correto. Este deveria ser morto pelo povo (Dt 13.1-5).
No texto em epígrafe vemos Deus orientando sobre qualquer pessoa que incitar à idolatria e apostasia, seja um amigo íntimo ou até mesmo um parente de sangue. A despeito da dureza da lei da antiga aliança, podemos aprender os princípios eternos de Deus aqui.

Fé e Lealdade
Provavelmente a lição mais importante do texto é que fé e lealdade ao Senhor é questão de vida ou morte.
O Novo Testamento adota outras medidas para estas circunstâncias, mas o princípio ainda é o mesmo. Deixar a fé e a lealdade ao Único Deus verdadeiro é deixar a própria vida e, portanto, é morte. O recurso do Antigo Testamento já apontava essa verdade que se cumpre em Cristo. Abandonar a relação com a vida é matar-se. Como Deus é a vida, deixá-Lo implica em morte. O Novo Testamento trouxe mais luz sobre esta mesma verdade e Jesus ensinou que a morte que pune o rompimento da relação com Deus não se limita à morte física, mas ela é tão eterna quanto a vida que desfruta aquele que se mantiver fiel até a morte física. Esta morte eterna, de estar eternamente separado da vida, que é Deus, é chamada de "segunda morte" (Jo 8.51; 11.26; Ap 2.11; 21.8).

Zelo
Vemos também o zelo na manutenção da pureza da fé. Deus não aceita meias verdades e meios corações. A fé que aceita deve ser íntegra. Além disso, a fé carece de atenção e manutenção constante, doutra forma esmorece. Todos os recursos para a manutenção da fé nos foram colocados à disposição. Contamos com a Igreja, que oferece ensino e a comunhão dos irmãos. Temos a oração, que nos liga diretamente a Deus (Mt 21.22; IJo 5.14). Temos a Bíblia, o registro dos profetas e do Senhor. E temos o próprio Espírito Santo que faz morada naquele que crê (Jo 14.23; Ef 1.13). Portanto, todo aquele cuja fé esmorece, não poderá acusar Deus de não lhe fornecer os meios necessários para mantê-la firme.

Comprometimento Pessoal
Aprendemos também que a lealdade é um comprometimento pessoal, e nem a amizade nem os laços sanguíneos dão garantias de um compromisso pessoal com o Senhor. Aquele que quiser relacionar-se com o Senhor deverá fazê-lo por si mesmo! Amigos e família podem até conduzir-nos à presença de Jesus, mas somos nós mesmos que cremos ou descremos, que nos submetemos ou nos rebelamos contra Ele. Isto não há quem possa decidir por nós... Nem os irmãos, nem os pais, nem as mães, nem os líderes religiosos, ninguém. Cada um dará conta de si mesmo a Deus (Rm 14.12).

E você? Como está sua fé, sua lealdade ao Senhor? Pense nisso...

Deus abençoe.
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[1] "Politicamente correto" é uma expressão usada para referir-se ao modo diplomático e neutro de posicionar-se sobre um tema ou assunto. A premissa é evitar o preconceito e o desgaste de debates controversos e polêmicos, mas seu exagero acaba por tornar-se o preconceito de qualquer conceito contrário ao fluxo sócio-cultural. É nesse exagero que vivemos. É deixar de ser sincero por "amor", como se fosse prova de amor a hipocrisia, desde que manifestada com linguagem politica e moralmente neutra. A pessoa politicamente correta é o metamorfo, o camaleão da retórica. É o mimetismo ideológico e moral, um sofisma genérico pós-moderno. Em assuntos espirituais, são capazes de negar a fé, ou trancá-la no armário, em nome da elegância e aceitação, buscando a glória dos homens antes da glória de Deus. Jesus não era politicamente correto e criticou severamente os que foram (Mc 7.6; Jo 12.42-43; ITs 2.6).
[2] Apostasia é o abandono da fé bíblica.

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