Livros de Teologia


domingo, 12 de junho de 2016

Vá e não peques mais!

"Jesus, entretanto, foi para o monte das Oliveiras. De madrugada, voltou novamente para o templo, e todo o povo ia ter com ele; e, assentado, os ensinava. Os escribas e fariseus trouxeram à sua presença uma mulher surpreendida em adultério e, fazendo-a ficar de pé no meio de todos, disseram a Jesus: Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante adultério. E na lei nos mandou Moisés que tais mulheres sejam apedrejadas; tu, pois, que dizes? Isto diziam eles tentando-o, para terem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia na terra com o dedo. Como insistissem na pergunta, Jesus se levantou e lhes disse: Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra. E, tornando a inclinar-se, continuou a escrever no chão. Mas, ouvindo eles esta resposta e acusados pela própria consciência, foram-se retirando um por um, a começar pelos mais velhos até aos últimos, ficando só Jesus e a mulher no meio onde estava. Erguendo-se Jesus e não vendo a ninguém mais além da mulher, perguntou-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? Respondeu ela: Ninguém, SENHOR! Então, lhe disse Jesus: Nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais" (Jo 8.1-11).

Este episódio registrado no Evangelho do apóstolo João nos ensina algumas lições preciosas. Vejamos:

O valor da graça.
Não devemos nos precipitar em acusar pecadores, sem lembrarmos que nós mesmos também pecamos. Os acusadores da mulher foram maldosos ao trazê-la para ser apedrejada sem nenhuma demonstração de amor, mas apenas impulsionados pelo desejo de tentar Jesus e ver a mulher ser punida. Quando nos deparamos com pessoas em situação de pecado a primeira coisa que deve vir à nossa mente é que devemos agir de maneira justa, mas também graciosa. Sim, a graça deve permear todo julgamento, pois foi a graça e misericórdia de Deus que nos tolerou até aqui. Se a graça de Deus nos alcançou, devemos nós também manifestar graça aos que erram. Isso, porém, não anula a justiça e o direito, que devem ser aplicados. "A ira do homem não opera a justiça de Deus" (Tg 1.20).

Não há "jeitinho brasileiro" com Deus.
Quando os acusadores trouxeram a mulher até Jesus a acusação era de que ela teria sido "surpreendida em adultério". Ora, ninguém adultera sozinho. Onde estava, então, o homem com quem ela adulterou? Por que, ora bolas, os escribas e fariseus não trouxeram o homem junto com a mulher para serem julgados, como mandava a lei de Moisés (Lv 20.10). Eles foram parciais, tendenciosos, talvez preconceituosos e coniventes com o homem adúltero. Para Jesus, não há um "jeitinho brasileiro", aquela burladinha na lei que pode favorecer nossos chegados e conceder "foro privilegiado" a pecadores. Jesus é sempre justo, e como a configuração da situação não se enquadrava na lei, ela não poderia ser aplicada como esperavam os legalistas acusadores. Precisamos, sempre, nos lembrar de que Deus não mima filhos, nem tem um predileto em detrimento de outro. Ele sempre julga justa e retamente todas as pessoas, de igual forma.

Para Jesus, os fins não justificam os meios.
Das várias expressões comuns no arraial evangélico é que "devemos trazer as pessoas aos pés de Jesus". Pois bem, foi isso o que aqueles homens fizeram, trouxeram uma mulher aos pés de Jesus. Porém, qual era sua motivação? Qual sua intenção? As coisas de Deus não podem ser feitas de qualquer jeito, sem o devido cuidado, de forma leviana. Devemos, sim, levar as pessoas aos pés de Jesus, mas para serem curadas e restauradas, e não para "ver o circo pegar fogo". Toda intervenção na vida de alguém deve ter em vista fazer-lhe o bem e buscar a Jesus para restauração, nunca para provar um ponto de vista ou opinião, como era o caso dos acusados da mulher do texto. Na relação com Deus não podemos fazer males para que venham bens (Rm 3.8). Os fins não vão justificar os meios que adotamos, nem as motivações. Deus sonda os corações e conhece as intenções, e julga-lhes adequadamente. Para Deus, falsos santos estão mais distantes Dele do que verdeiros pecadores. Aqueles que são santos aos seus próprios olhos estão mais longe do perdão do que pecadores que se reconhecem como tal.

A advertência universal de Jesus.
De toda lição que este texto pode oferecer, no final sempre acabaremos na advertência que Jesus dá a todo aquele que é perdoado por Ele mediante a fé: "vá e não peques mais". A graça e o perdão de Deus não podem ser zombados (Gl 6.7). Deus não brinca de perdoar, nem reduz o perigo do pecado, e nós faremos muito bem se seguirmos Seu excelente exemplo. Ninguém deve pecar pensando na premissa de ser perdoado por Deus, pois fazer do coração perdoador de Deus um "salvo conduto" para pecar é um pecado maior ainda. Deus é perdoador, e está sempre disponível para todo coração quebrantado e arrependido, mas planejar ou maquinar o pecado antecipando um possível perdão de Deus é repugnante aos Seus olhos santos. O perdão de Deus é só para os que se arrependem (Pv 28.13, Sl 51.17; IJo 1.9).
Se fomos perdoados por Jesus mediante a fé Nele, então devemos lutar para não pecar mais. Isso é arrependimento, mudança de vida. Se esse esforço é real, então quando pecarmos o sangue de Jesus nos purifica de todo pecado (IJo 1.7).
Que estas lições estejam sempre em nosso coração e mente.

Deus abençoe.

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