Livros de Teologia


domingo, 19 de junho de 2016

Cristianismo, fé de iniciativa!

"Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros. Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira, nem deis lugar ao diabo. Aquele que furtava não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as próprias mãos o  que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado. Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem. E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção. Longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda malícia. Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou" (Ef 4.25-32)

Quando o assunto é fé e espiritualidade, principalmente a cristã, é muito comum as pessoas terem uma visão negativa e reativa da fé. Como assim? Explico.
Por perspectiva negativa da fé cristã quero significar aquela visão de que o cristianismo é basicamente um conjunto de proibições, de "pode e não pode", com muito mais "não pode" do que "pode". Qualquer pessoa que fizer uma leitura decente da Bíblia perceberá claramente que a fé cristã tem, sim, mandamentos proibitivos, como "não façam", "não sejam", etc. Porém, a fé cristã não é uma fé essencialmente proibitiva, negativa, mas é positiva. Há muito mais mandamentos prescritivos como "façam", "sejam", etc., do que os de cunho proibitivo.
Por perspectiva reativa da fé cristã quero significar aquela visão de que o cristianismo é uma filosofia de vida que ensina o cristão a ser neutro, apenas reagindo às circunstâncias da vida e às pessoas. Muito pelo contrário, a fé cristã assume uma perspectiva pró-ativa, de fazer e ser antes de reagir, embora haja instruções sobre como o cristão deve reagir. No cristianismo, agir é mais importante do que reagir.
Por que esclarecer isso? Porque o texto acima trata de visão acertada da fé. O apóstolo Paulo, instruindo a Igreja de Éfeso, deixou isso muito claro. Perceba que ele usa alguns aspectos morais para exemplificar essa verdade; ele usa a mentira e verdade, a ira e a reconciliação, o furto e o trabalho, a palavra torpe e a boa para edificação, coisas que provocam divisão e coisas que edificam uns aos outros. Peguemos dois destes exemplos para explicar melhor.
Paulo diz que aquele que mentia, não deve mais mentir. Este é o aspecto da negativa, instruindo a não mentir. Mas o ensino continua dizendo: antes fale a verdade para com seu irmão. O que vemos? Vemos que só "deixar de pecar" não é suficiente. Temos de começar a acertar!
Sobre o furto, o apóstolo ensina que aquele que furtava não deve mais furtar, mas deve trabalhar. É o mesmo princípio: deixar de pecar não basta, o cristão deve ser pró-ativo e começar a fazer o que é certo. E assim por diante.
A visão negativa e reativa da fé pode ser facilmente identificada na cultura popular quando o assunto fé surge numa conversa. As pessoas normalmente entram logo da defensiva e dizem algo como: "mas eu sou bom, eu não faço isso, nem aquilo, nem aquilo outro, etc.". Isso mostra que, para essa pessoa, o cristianismo é uma questão de NÃO SER, em vez de uma questão do que devemos SER.
O cristianismo é pró-ativo. Se uma pessoa peca menos agora do que pecava antes, isso é bom, mas ainda não é o cristianismo bíblico. Ninguém vai para o céu só porque parou de beber, de fumar, de adulterar, etc. Vai para o céu quando faz a vontade de Deus (Mt 7.21). Ser uma pessoa que peca menos não significa, necessariamente, ser um verdadeiro cristão.
E aí? Você vive o cristianismo bíblico, pró-ativo, de iniciativa? Você toma iniciativa para fazer o bem, ou apenas evita o mal?
"Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está pecando" (Tg 4.17)

Deus abençoe.

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