A ganância é um pecado seríssimo. O desejo desmedido, exacerbado de ter e acumular riquezas nesta terra é uma armadilha antiga na qual os homens tem caído, e o diabo é mestre em arma-la. O desejo de ficar rico tem sido a mola mestra do mundo a muito tempo e, embora o capitalismo tenha lucrado com esse desejo humano, os sistemas econômicos são apenas efeitos, quando a causa encontra-se internalizada na natureza humana, caída, pecaminosa.
A riqueza não é pecado. Alguns homens de Deus, na Bíblia, foram ricos. Abraão (Gn 13.2); Jacó (Gn 30.43); Jó (Jó 1.3); Salomão (Ec 2.8); Josafá (IICr 18.1); José, de Arimatéia (Mt 25.57). O pecado não é possuir muito dinheiro, mas desejá-lo. O apóstolo Paulo disse não que os ricos caem em tentação, mas disse que os "que querem ficar ricos caem em tentação". É o desejo de ficar rico que Deus está tratando no texto, e não a riqueza.
Por que Deus, pelo apóstolo, se preocupa em alertar os crentes de tal perigo do desejo de enriquecer-se? Porque esse anseio pode cegar facilmente uma pessoa, e tirar-lhe o foco do que realmente importa na vida. O texto diz que tentação, cilada, concupiscência insensata e perniciosa, isto é, desejos desajuizados e nocivo, afogam os homens na ruína e na perdição. Poucas declarações são tão clara e visivelmente observadas na vida. A corrupção na política, por exemplo, é uma das maiores provas da verdade desse texto. O desejo de ficar rico é uma tentação implacável para os políticos, e as ciladas são muitas no âmbito do poder. As concupiscências perniciosas os levam a cometer crimes e insensatez de todo tipo, sempre para obter poder e dinheiro. Além da política, outro exemplo facilmente observado é o dos religiosos ávidos por dinheiro, que fazem da fé e da piedade fonte de lucro, e este é, justamente, o assunto do contexto que Paulo está tratando aqui. Há também que se case por dinheiro; mate por dinheiro; ... até finja que não viu o troco a mais por amor ao dinheiro...
O argumento do apóstolo está baseado no fato de que nada trouxemos para este mundo e nada também levaremos dele, no que tange às riquezas desta vida. Por isso, o incentivo é a um estilo de vida simples: "tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes". Paulo não está dizendo que voto de pobreza é necessário ao cristão. Não, ele está dizendo que o cristão não deve colocar seu coração nas riquezas, ao mesmo tempo que deve ser grato e saber viver contente com o que possui; vestuário e alimento ilustram as necessidades básicas. E aí é outro problema muito comum. Há muitas pessoas que não conseguem ser gratas pelo que tem, pois seu coração e seus olhos estão sempre fitos no que ainda não tem. Lamentam e murmuram por causa da sua "pobreza" e da riqueza que não possuem, perdendo a oportunidade santa de agradecer por terem o que Deus já concedeu. Sempre veem o que falta, nunca o que já possuem. Pessoas assim podem até chegar à riqueza que sonharam, mas perderão sua alma no caminho. Paulo diz que esse desejo, que é maligno, "afoga os homens na ruína e perdição". Quem é seduzido pela riqueza deste mundo para servi-la e cultua-la, torna-se idólatra: "Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas" (Mt 6.24). Idólatra é todo aquele que inverte as prioridades que Deus estabeleceu, "buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas" (Mt 6.33). Buscam primeiro as demais coisas, deixando o reino e a justiça de Deus para serem acrescentadas. Idólatras não entrarão no céu (ICo 6.9; Ap 21.8; 22.15).
"O amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores". Desviar-se da fé cristã por amor ao dinheiro é basicamente falar o óbvio, mas além disso Paulo acrescenta que se atormentam com muitas dores os que passam a amar as riquezas deste mundo. Sofrimentos e perdas esperam por aqueles que caem na cilada do desejo de ficar rico, e devemos evitar isso. Na verdade, embora a Bíblia não condene o ser rico, mas o amor à riqueza, ela também recomenda que os servos de Deus tenham um estilo de vida simples (note que eu não disse estilo de vida pobre ou miserável, mas simples), que não busca algo além do necessário para a dignidade da vida na terra[1]. "A riqueza apresentava problemas para a igreja primitiva, e recebeu, muitas vezes, a atenção dos escritores cristãos"[2].
E você? Como tem lidado com a riqueza deste mundo? Tem sido grato pelo que tem? Tuas prioridades estão alinhadas com as de Deus?
Deus abençoe.
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[1] Se quiser ler mais sobre estilo de vida simples, ou teologia da simplicidade, recomendo fortemente a leitura do seguinte livro: Stott, John W. R. O Discípulo Radical. Viçosa, MG: Ultimato, 2011. Poderá também ler os seguintes livros de Richard Foster: A Liberdade da Simplicidade e também Celebração da Disciplina.
[2] Allen, Clifton J., ed. ger. Comentário Bíblico Broadman: Novo Testamento. Vol 11. 2. ed. Rio de Janeiro, JUERP, 1988. p. 401.
Por que Deus, pelo apóstolo, se preocupa em alertar os crentes de tal perigo do desejo de enriquecer-se? Porque esse anseio pode cegar facilmente uma pessoa, e tirar-lhe o foco do que realmente importa na vida. O texto diz que tentação, cilada, concupiscência insensata e perniciosa, isto é, desejos desajuizados e nocivo, afogam os homens na ruína e na perdição. Poucas declarações são tão clara e visivelmente observadas na vida. A corrupção na política, por exemplo, é uma das maiores provas da verdade desse texto. O desejo de ficar rico é uma tentação implacável para os políticos, e as ciladas são muitas no âmbito do poder. As concupiscências perniciosas os levam a cometer crimes e insensatez de todo tipo, sempre para obter poder e dinheiro. Além da política, outro exemplo facilmente observado é o dos religiosos ávidos por dinheiro, que fazem da fé e da piedade fonte de lucro, e este é, justamente, o assunto do contexto que Paulo está tratando aqui. Há também que se case por dinheiro; mate por dinheiro; ... até finja que não viu o troco a mais por amor ao dinheiro...
O argumento do apóstolo está baseado no fato de que nada trouxemos para este mundo e nada também levaremos dele, no que tange às riquezas desta vida. Por isso, o incentivo é a um estilo de vida simples: "tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes". Paulo não está dizendo que voto de pobreza é necessário ao cristão. Não, ele está dizendo que o cristão não deve colocar seu coração nas riquezas, ao mesmo tempo que deve ser grato e saber viver contente com o que possui; vestuário e alimento ilustram as necessidades básicas. E aí é outro problema muito comum. Há muitas pessoas que não conseguem ser gratas pelo que tem, pois seu coração e seus olhos estão sempre fitos no que ainda não tem. Lamentam e murmuram por causa da sua "pobreza" e da riqueza que não possuem, perdendo a oportunidade santa de agradecer por terem o que Deus já concedeu. Sempre veem o que falta, nunca o que já possuem. Pessoas assim podem até chegar à riqueza que sonharam, mas perderão sua alma no caminho. Paulo diz que esse desejo, que é maligno, "afoga os homens na ruína e perdição". Quem é seduzido pela riqueza deste mundo para servi-la e cultua-la, torna-se idólatra: "Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas" (Mt 6.24). Idólatra é todo aquele que inverte as prioridades que Deus estabeleceu, "buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas" (Mt 6.33). Buscam primeiro as demais coisas, deixando o reino e a justiça de Deus para serem acrescentadas. Idólatras não entrarão no céu (ICo 6.9; Ap 21.8; 22.15).
"O amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores". Desviar-se da fé cristã por amor ao dinheiro é basicamente falar o óbvio, mas além disso Paulo acrescenta que se atormentam com muitas dores os que passam a amar as riquezas deste mundo. Sofrimentos e perdas esperam por aqueles que caem na cilada do desejo de ficar rico, e devemos evitar isso. Na verdade, embora a Bíblia não condene o ser rico, mas o amor à riqueza, ela também recomenda que os servos de Deus tenham um estilo de vida simples (note que eu não disse estilo de vida pobre ou miserável, mas simples), que não busca algo além do necessário para a dignidade da vida na terra[1]. "A riqueza apresentava problemas para a igreja primitiva, e recebeu, muitas vezes, a atenção dos escritores cristãos"[2].
E você? Como tem lidado com a riqueza deste mundo? Tem sido grato pelo que tem? Tuas prioridades estão alinhadas com as de Deus?
Deus abençoe.
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[1] Se quiser ler mais sobre estilo de vida simples, ou teologia da simplicidade, recomendo fortemente a leitura do seguinte livro: Stott, John W. R. O Discípulo Radical. Viçosa, MG: Ultimato, 2011. Poderá também ler os seguintes livros de Richard Foster: A Liberdade da Simplicidade e também Celebração da Disciplina.
[2] Allen, Clifton J., ed. ger. Comentário Bíblico Broadman: Novo Testamento. Vol 11. 2. ed. Rio de Janeiro, JUERP, 1988. p. 401.
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