Livros de Teologia


quarta-feira, 29 de junho de 2016

Eu tenho Dono! E você?

"Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz" (IPe 2.9).

Crê-se que o apóstolo Pedro escreveu esta primeira carta para os cristãos que padeciam sob as impiedosas perseguições promovidas pelo imperador romano Nero, época extremamente difícil para os servos de Jesus. Seu propósito principal é encorajar os irmãos a permanecerem firmes na fé cristã a despeito dos sofrimentos, e para isso o apóstolo lembra-lhes, no versículo acima, os privilégios de pertencer a Cristo e qual a natureza verdadeira da Igreja do Senhor. Com isso, temos grandes lições para aprender.
Pedro chama os cristãos de raça eleita. Como judeu de nascimento e crescido na religião judaica, Pedro sabia bem que o povo judeu foi eleito por Deus para grandes obras e propósitos, sendo o maior deles manifestar o Messias, Jesus, ao mundo, além de nos legar as Escrituras da antiga aliança, o Velho Testamento. Portanto, quando Pedro chama a Igreja de raça eleita ele afirma, assim, que a Igreja é o povo de Deus, escolhido para manifestar o Cristo ao mundo e anunciar Sua Palavra.
O povo de Deus é também sacerdócio real, isto é, um povo constituído inteiramente de sacerdotes. Antes de Jesus, os sacerdotes eram apenas os descendentes de Arão, pertencentes à tribo de Levi. A função dos sacerdotes era intermediar os sacrifícios entre os homens e Deus. Mas, em Cristo, todo crente é um sacerdote, e isso não depende mais da sua ascendência. Cada cristão exerce, de certa forma, o sacerdócio, pois pode ter uma relação pessoal e direta com Deus, sem precisar de uma intermediação humana, pois Cristo agora é o único Mediador entre Deus e os homens (ITm 2.5; Hb 8.6; 9.15; 12.24). Todo cristão deve exercer seus dons e empregar seus talentos nessa tarefa sacerdotal de conduzir os homens a Deus, por meio de Jesus Cristo.
Pedro chama a Igreja de nação santa, pois o povo que leva o Nome de Jesus deve ser santo à Sua semelhança. Pedro já havia insistido nisso no primeiro capítulo da carta: "pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento, porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo" (IPe 1.15-16). Todo crente deve buscar ardorosamente a santidade e zelar pelo testemunho do Nome de Cristo que representa como cristão. Não é possível, em hipótese alguma, que alguém que não se esforce para santificar-se, que não lute contra o pecado, seja de fato um cristão. O povo de Deus é marcado pela santidade, pois é nação santa!
Das quatro características do povo de Deus que Pedro apresenta no verso, essa última é a que mais me impressiona. Ele diz que a Igreja é povo de propriedade exclusiva de Deus. Sim, isso mesmo. A Igreja é 'propriedade exclusiva de Deus'. Em outras palavras, a Igreja tem Dono! Claro que não é um dono humano, como algumas organizações e "igrejas" por aí, onde um homem manda e desmana, tendo sua voz como infalível. A Igreja tem um Dono Perfeito, que é Deus. Por isso a Igreja, ou seja, eu e todo cristão, não temos o direito de fazermos o que nos dá na telha; não temos o direito de fazer o que quisermos como bem entendermos, pois TEMOS DONO! Ah, e pertencemos a UM DONO SÓ, pois Pedro diz que essa propriedade é exclusiva! Ninguém pode servir a dois senhores (Mt 6.24). Cristão não é 'dono do próprio nariz', para usar uma expressão bem popular. Cristão é aquele que, em verdade, age sob ordens e orientação do Seu Dono, guiado por Ele, autorizado por Ele, mesmo quando o que pensa e sente é contrariado pelo seu Senhor. Isso é ser cristão. Jesus também falou isso com outras palavras quando disse que se alguém quisesse segui-lo, ou seja, ser um discípulo Seu, deveria negar-se a si mesmo (Mt 16.24). O que é negar-se a si mesmo, senão submeter-se completamente ao senhorio de Jesus? É tão comum encontrar pessoas que aceitam prontamente Jesus como o Salvador de suas almas, para que escapem do inferno e durmam com a consciência tranquila; mas é difícil encontrar aqueles que negam-se a si mesmos com a mesma prontidão, recebendo Cristo também como SENHOR. Precisamos entender de uma vez por todas que, se alguém quer Cristo como Salvador, mas não o toma como Senhor, não vai para o céu! Sim, é dura essa verdade. Mas essa é a verdade. Leia o diz Jesus: "Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando?" (Lc 6.46). "Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus" (Mt 7.21).
Em suma, para que alguém desfrute dos privilégios e da honra de ser raça eleita, sacerdócio real e nação santa, precisa ter Jesus como Dono, como proprietário exclusivo. Repito: Se Jesus não é o seu Senhor, Ele também não é seu Salvador!
E para quê somos tudo isso? Para anunciar as virtudes do nosso Dono, que nos chamou das trevas do pecado e da ignorância para Sua maravilhosa luz. Note que Sua luz é maravilhosa, e como é... Perceba também que, se alguém se diz cristão, mas não anuncia Jesus às pessoas, não cumpre o propósito de ser propriedade exclusiva de Jesus, de ser raça eleita, de ser sacerdócio real, de ser nação santa. Logo, pensamos: será, então, que é cristão de fato???
Bom, esse é um verso lindo, que lembra de privilégios tremendos, que encoraja o crente durante os momentos de dor e sofrimento, mas que exige uma séria reflexão da fé e da vida que vivemos.
E você? Já tem dono? Se não, eis a hora de entregar-se, sem reservas, a Jesus como seu Salvador e Senhor pessoal. Basta que abra teu coração e sinceramente se renda ao Seu amor.

Deus abençoe.

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