Jesus ensina no templo com 12 anos |
"O menino crescia e se fortalecia em espírito. E viveu nos desertos até ao dia em que havia de manifestar-se a Israel" (Lc 1.80). "E crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens" (Lc 2.52).
Os dois primeiros capítulos do Evangelho de Lucas terminam com versos muito semelhantes. Lucas, um médico (Cl 4.14), historiador (Lc 1.3), missionário (Fm 1.24) e evangelista era muito atento aos detalhes, como é próprio dos homens da ciência. Ele gosta de encerrar trechos do seu Evangelho com versos que resumem a ideia exposta nos anteriores, e os dois versículos que lemos acima são prova disso.
O primeiro verso fala sobre João Batista; o segundo, sobre Jesus. Estes dois homens aparentados (Maria era parente de Isabel, mãe de João - Lc 1.36) nasceram na mesma época e tinham idade pareada (Lc 1.39-42).
Pouquíssimo se sabe sobre a infância e adolescência dos dois. Entretanto, isso não é de se estranhar, pois o propósito da Bíblia não era registrar a vida toda dos dois, mas apenas o que importava para evidenciar Jesus como Cristo e João como Seu precursor. Todavia, Lucas nos brinda com estes dois versos que resumem este período de silêncio histórico da vida dos dois.
Jesus cresce em sabedoria |
Jesus, encarnado na concepção miraculosa do Espírito Santo em Maria (Lc 1.26-38), nasceu e cresceu como um ser humano, passando pelas fases da vida. Lucas diz que Ele crescia em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens. Ao falar de João, diz que ele crescia e se fortalecia em espírito, mas não diz que ele crescia em graça diante dos homens. Entende-se que João crescia espiritualmente, mas nas relações sociais, diante dos homens, parece que ele não pôde desfrutar da mesma condição de Seu mestre. Talvez pelo fato de viver no deserto desde novo até o dia em que começou seu ministério, já adulto, não construiu muitos relacionamentos sociais que lhe permitissem "cair na graça" dos homens. É possível também que a personalidade de João fosse bem diferente da de Jesus, pois seu ministério severo e de duras palavras parecem indicar isso, o que dificultaria ainda mais que se tornasse atraente para amizades. Mas, no final, só podemos fazer conjecturas aqui; o fato é que ele não contou com a mesma graça que Jesus obteve diante dos homens durante aquela fase da vida. Já Jesus crescia em graça diante de Deus e dos homens, além de crescer em sabedoria e estatura.
O que quero destacar aqui é que, tanto João quanto Jesus, cresceram diante de Deus, e não somente diante dos homens. Vivemos um tempo em que há uma pressão muito grande sobre o indivíduo para que ele cresça diante dos homens. Precisamos crescer profissionalmente, financeiramente, intelectualmente, socialmente, etc. A concorrência está cada vez mais selvagem, e a lei do mundo é que o "maior engole o menor", portanto, a ordem é cresça o mais rápido possível. Nessa pressão muitas vezes o cristão, quando se dá conta, está tão envolvido na luta pelo crescimento diante dos homens que esquece de crescer diante de Deus. Ele conquista muita coisa diante dos homens, mas se perde diante de Deus ou, no mínimo, sua fé fica estagnada, e acaba esfriando e perdendo o primeiro amor.
Jesus cresce diante dos homens |
Convido você a refletir nisso. Ainda vivemos neste mundo, e isso traz consigo os desafios da vida humana. Precisamos, sim, crescer diante dos homens. Só não podemos parar de crescer espiritualmente. Não podemos parar de crescer em sabedoria e graça diante de Deus. Quem pára de crescer em sabedoria e graça diante de Deus pode até ganhar o mundo inteiro, mas perderá a alma. Leia com atenção o que Jesus disse: "Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?" (Mc 8.36). O autor da carta aos Hebreus fala duramente contra a estagnação espiritual daqueles crentes, dizendo: "Pois, com efeito, quando devíeis ser mestres, atendendo ao tempo decorrido, tendes, novamente, necessidade de alguém que vos ensine, de novo, quais são os princípios elementares dos oráculos de Deus; assim, vos tornastes como necessitados de leite e não de alimento sólido. Ora, todo aquele que se alimenta de leite é inexperiente na palavra da justiça, porque é criança. Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela prática, têm as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal" (Hb 5.12-14). Aqueles crentes pararam de crescer! Pelo tempo, já deveriam estar ensinando outros, mas estavam precisando voltar a serem ensinados nas coisas mais elementares da fé cristã. O autor ainda diz que é a prática que exercita as faculdades do discernimento e produz crescimento.
O crente que pára de crescer espiritualmente, em sabedoria e graça diante de Deus, corre um sério risco!
Não pare de crescer diante dos homens, mas principalmente diante de Deus. Busque na prática cristã o crescimento na graça diante de Deus. Que Ele nos perdoe pela estagnação espiritual e nos ajude a crescer diante Dele!
Deus abençoe.
Excelente, um crescimento harmônico, diante de Deus e dos homens!
ResponderExcluirObrigado pelo comentário. Deus abençoe.
Excluir