"se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra" (IICr 7.14)
Este é um versículo muitíssimo conhecido da Bíblia. Ele é muito lembrado sempre que reuniões de oração e nas intercessões em favor da nação e das mazelas que afligem nosso povo. Faz sentido, pois, afinal de contas, é o verso onde "Deus promete sarar nossa terra".
O verso, que é um trecho da resposta que Deus dá à uma oração feita por Salomão no capítulo anterior (IICr 6.12-42), vem na solenidade de consagração do templo que acabara de ser construído, idealizado por Davi, edificado por Salomão.
O povo a quem Deus se refere é o que povo "que se chama pelo Nome Dele", isto é, o povo que invoca o Seu nome. É uma palavra para o povo de Deus, ou para aqueles que desejam tornar-se povo Dele.
No verso, Deus faz não só uma promessa, mas três. Ele diz que 1) ouvirá do céu a Seu povo; 2) perdoará seus pecados e 3) sarará sua terra. A primeira, Deus ouvir do céu as orações de Seu povo, é a promessa de que Sua boa vontade sempre estará à disposição, pois Ele estará sempre de prontidão para ouvir, Se importando com as causas do Seu povo. A segunda, referente ao perdão dos pecados, é a promessa de que haverá remissão para todo aquele que se achegar a Ele. A terceira, a cura da terra, é a restauração ecológica e climática da região, trazendo saúde, equilíbrio e sustento para Seu povo. Vemos isso no verso anterior, onde Deus resume todo um trecho da oração de Salomão, usando a escassez de chuva, pragas nas lavouras e pestes no meio do povo como exemplos de meios que Deus usa para disciplinar Seu povo pelos seus pecados. Portanto, a cura da terra é o resultado do perdão dos pecados, que é o resultado de Deus ouvir Seu povo.
Mas, para que isso aconteça, Deus impõe condições. A origem destas condições? - a oração de Salomão. Deus resumiu os atos de piedade que Salomão descreveu como iniciativas do povo de Deus quando em situações de crise, listando quatro condições para que as promessas sejam alcançadas: 1) o povo deveria se humilhar; 2) o povo deveria orar; 3) o povo deveria buscá-Lo e 4) o povo deveria se converter dos seus maus caminhos. Essa humilhação a que se refere Deus não é a humilhação que injuria, desacata, zomba e ultraja; essa é pecado (Mt 5.22; Lc 22.63; 23.35; At 2.13).
Essa humilhação que Deus pede é o reconhecimento da condição de culpado de pecado e seu consequente abatimento; é o humilhar-se reconhecendo-se indigno da bondade e bênção de Deus, pois o pecado afrontou Sua santidade e justiça; é a viva consciência da distância entre um pecador e Deus, e o peso esmagador da tristeza que essa distância causa, tanto em nós, quanto em Deus que nos ama; é o quebrantamento que nasce quando nos percebemos responsáveis pelas lágrimas do puro e gentil Criador; é a expressão do desespero da alma que, caindo em si, vê-se impotente e limitado por causa do pecado, e por isso mesmo é completamente dependente de Deus.
E como essa humilhação deve ser apresentada a Deus? Pela oração! Nesse verso, quando Deus exige que o povo ore, não fala de qualquer oração, mas daquela feita na humilhação, ansiando pelo perdão do Senhor. A oração é o modo pelo qual nossa humilhação se traduz em linguagem falada, redundando em súplicas e rogos diante do Deus de misericórdia e graça. Sem oração, não haverá perdão. Sem oração, não haverá cura.
Deus também exige que o povo O busque. Essa busca tem a ver com as motivações do coração. Até mesmo orações muito bonitas e eloquentes podem ser vãs se o coração não está adequadamente motivado. Tiago ensina que a motivação errada anula a oração (Tg 4.3; cf. Pv 15.8; 28.9). Buscar o Senhor é colocar todo o coração Nele, tornando-O nosso tesouro mais precioso (Jr 29.13; Mt 6.21). Reconhecer culpa e orar, mas sem colocar o coração bem motivado na busca pelo Senhor e a Sua justiça é, simplesmente, nadar, nadar, e morrer na praia (Mt 6.33; 15.8). Deus não Se deixa enganar por lábios lisonjeiros (Pv 7.21; 26.28), ou mesmo por lágrimas insinceras (Hb 12.17). Ele sonda os corações e esquadrinha a alma (Sl 139.1; Pv 21.2). Buscar ao Senhor é dispor o coração para encontrá-Lo!
A última exigência da lista do verso em questão é, praticamente, um efeito das três antecedentes. Deus pede que Seu povo se converta dos seus maus caminhos. Se converter dos meus caminhos é voltar, deixar de prosseguir por eles, assumindo outro rumo na vida. Aqueles que se assumem pecadores, até oram e parecem buscar ao Senhor, mas que não apresentam mudança no caminho que trilham estão enganados ou enganando, pois tudo isso é falso se não produzir tal mudança de caráter, de valores e de objetivos na vida.
Em suma, o que Deus está pedindo do Seu povo para que as promessas sejam liberadas sobre eles é que comecem, desenvolvam e completem o processo de conversão. Não basta admitir apenas um ou dois itens da lista, pois todos estão interligados. Deus nos ouvirá, nos perdoará e derramará cura sobre nossa terra quando a conversão provocar mudanças notáveis, quando o caminho mau for abandonado e o Caminho correto, que é Jesus (Jo 14.6) for trilhado.
E você? Já está neste processo? Se não, eis a hora! Deus quer nos perdoar e sarar...
Deus abençoe.
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* Você poderá ler mais sobre oração aqui: Como é a oração que Deus se agrada?
* Você poderá ler mais sobre conversão aqui: Arrependei-vos e convertei-vos!
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